Naquela fervura das frutas mescladas em tanto açucar eu queria dizer tantas coisas...
Mas fugiu-me a boca e as palavras para apenas deliciar os olhos e a alma, com aquela mescla de tudo, na penumbra das velas e derramar essa mistura, no sitio onde durmo, no espaço sagrado e puro, onde te sonhei vezes e vezes sem conta...
Ver ferver a mistura, ver dela nascer um doce, uma pasta que não se explica, que só se pode sentir em sussurros e palavras quebradas, meio sussurradas, meio estridentes, fez com que eu calasse o que estava a pensar...e tu perguntas o que queria, e porque queria e porque gostava tanto...e eu ainda que soubesse que dizê-lo é tão bonito, é uma entrega tão grande, prefiri deslizar nos minutos, mais calada e recatada que o habitual...
No meu silêncio, quebrado pelos movimentos do meu corpo, das minhas mãos, da minha saliva, fica a certeza de que há 4 anos que vivo inteiramente isto...
Sentir-te, sem questionar um gesto ou uma escolha...comer o teu desejo à boca cheia, como quando se morre de fome...
Dar-me sem medos, sem pudores, sem jogos, sem querer eu, deste vez, dominar algum espaço entre nós, porque me entrego cheia de volupia, apenas com os olhos expectantes de te ver chegar...
É isto que importa...o lado a lado!
Em parte alguma me poderia sentir mais feliz, abrigada, segura, inteira, do que ver-me nos braços do homem que amo, porque quando isso acontece, sou mais forte ainda, e sinto-me Mulher, sinto-me parte de ti, com direitos plenos e completos...
Já não me arrisco a dizer estas coisas, a escrever mensagens amorosas, porque às tantas e com todas as distâncias que já vivemos, sinto que te poderás sentir incomodado, que os meus discursos te surpreendem mas que não queres levar contigo o peso do mesmos, e que evitas, muitas palavras, a nascente natural das questões, para que seja isso mesmo, um acto de amor inevitável, animalesco, apaixonado, mas ainda assim, discreto.
E ainda que eu opte por estar assim:
Por viver um dia de cada vez sem expectativas em relação a Nós, canalizando todas as forças apenas para mim, posso dizer-te que não me contrario, não te evito, não me excuso de me teres, porque eu não posso ser tomada por partes, apenas por inteiro.
De tudo o que pode ser diferente
Temos coisas e motivações comuns
Temos caminhos paralelos...e digam o que disseram
Mesmo que dure o tempo de confecção de uma marmelada caseira
Estudamo-nos com imensa paixão, para depois nos separarmos pelos dias, e barrarmos o tempo com o açúcar melado da razão.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário