Funchal, o mar desconhecido que te pariu...
Numa ninhada louca de olhos claros, onde te distingues como o "menino" e de tão menino, demasiadamente para ser podengo.
Demasiadamente Homem para te esbanjares como tal.
É a tua simplicidade que impõe o Homem, e isso deixa-me primeiro que tudo, molhada!
Pudesse eu idealizar-te "oficial e cavalheiro" e são as tuas mãos de terra e alfazema que me amansam...e é o teu corpo franzino e malandro que me dá morada.
Não te sei e conheço-te
Não te conheço e intuo-te
E quero-te como partícula livre de mim, mas intensa!
Não quero a tua história,
Quero a minha
Mas quero a tua história,
Para admirá-la e estendê-la
à beira dos meus sonhos...
Porque te posso dar alguns, caso tenhas falta de pensá-los.
Tu és um rapazolas, descalço, de cheiro a mar, de fraldas com sabor a fado e familia, e é o teu corpo desejoso de afecto que eu anseio, e eu sou sôfrega, desse teu vazio, que me seduz.
Se existe um mar entre as nossas mãos dadas que ele nos consuma, no saber e no dar incondicionalmente, que sejamos o veneno certo na hora errada ou o antídoto que nos impediu de perecer.
Paciente dos movimentos subtis como se possuísses santas costelações de altares de açúcar.
A pele que veio do mar e é salgada, o cheiro da terra molhada nos poros, nas impressões digitais.
Sorriso terrível, coração morno, abraço forte.
Pariu-te o mar, fez-te Homem, e a terra dura consumiu-te numa dança trigueira, que enebria quema vê passar.
Corpo doce, amado, a torrente das poesias de ontem, que me devolve amanhãs.
Poldro reguila, em plena praça, que já se vê para além dela, no meio das flores, enamorado...
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