As ideias e as realidades...a par e par...
Monstras ou maravilhosas, não interessa, eram apenas bocados de tudo, a mexerem-se dentro de mim, enquanto eu falava das coisas, dos acontecimentos, das ideias e das realidades.
Eram 22 horas e eu descia a Av da Liberdade com a Rainha ao lado e com as colunas do carro quase a explodir com uma excelente Nessun Dorma, que avisa as pessoas de que ali, dentro daquilo veículo vai alguém que bebe Vida através da música e não quer conseguir ouvir mais nada.
Iamos em direcção a um jantar de "amigos" com alguns amigos e outros que nunca lhes vi a cara; num restaurante que parecia que tinhamos chegado ao novo méxico, meio na penumbra e onde consegui logo pôr um quadro no chão, com o meu passar descontraído e com a mala a tiracolo.
Calças azuis largas da recife e uma t.shirt macia branca daquelas que se querem suaves e descontraídas para receber a noite de sexta sem grandes protocolos.
Estou farta de fatos e saltos e camisas fofinhas da Saccoor, mas também não estava numa de desejos pueris por debaixo de vestidos mimosos, que depois levam a outras coisas...
E eu não estava à procura de nada; nem intenções nem projectos secretos; queria apenas aproveitar a noite que se fazia sentir amena e propícia a boas conversas.
O meu cabelo em estado de sitio e a pele a cheirar a creme de bebé, levou as minhas amigas a exaltarem vezes sem conta, o brilhante que estou e que me vêm renovada de um espectro que as acompanhava nos ultimos tempos.
Eu estava demasiadamente angustiada e perdida, e estava a tomar opções e direccões drásticas para aliviar o meu coração...e ontem elas viram-me chegar da desintoxicação dos meus sonhos atrozes e conscientes e encontraram um leão desgrenhado e descontraído face á sua Vida....
Elas elogiaram o tal "brilho" vezes sem conta e eu não sabia explicar muito bem, senão que tinha tudo o que poderia desejar: saúde e filhas, e um trilho profissional que se deseja grande e glorioso.
Cada uma à sua maneira falou dos planos, a seguir ou inconcluídos, e de vez em quando eu saía cá fora de copo de sangria na mão, aspirava a abundância poética e quieta de um cigarro, e pensava em todas aquelas coisas que não estou disposta a falar com ninguém.
Eu tinha largado um estado de raiva da tarde, para me envolver num estado de descoberta, nessa mesma hora, inúmeras questões, dissolvidas por um banho imenso e abençoado antes de sair, deixaram-me mais macia, pela análise de acontecimentos.
Dessas vezes que vim cá fora, eu analisava as coisas, as pessoas, e os sinais e clicks cósmicos da minha Vida, analisava que tudo pode ser tão errado, como abençoada e que me compete deixar as ideias e as realidades andarem na minha vida, livres ou limitadas a um universo, onde têm de ficar encarceradas...
Nisto...eu levantei a camisola nas descrição de multidões a fim, e olhei estarrecida para o meu umbigo, achei-o bonito e macio, lembrei-me dele em forma de óvni quando eu estava muito redonda das minhas crianças e achei-o um motivo de introspecção magnifico, onde derrepente depositei imagens, quase seguidas de polaroid e fiquei-me a rir...ou a sorrir...de às tantas, eu ser um cavalo alado, no meio da noite, protegida em conversas misticas com o seu umbigo...
Alguns do grupo vieram cá fora, e não percebiam a minha ideia de quase dar de beber ao umbigo uma caipirinha esteticamente bem preparada...e eu olhava para eles, entre sensações secretas, de que no fundo, ninguém saberia ao certo, que filme estava eu a imaginar nesse momento.
Veio-me à ideia a adrenalina da Rua do Carmo que entoa aqueles fados de paixão desmedida, veio-me á ideia os encontros súbitos e mal preparados de quem vai ao encontro de si próprio, no meio de ruas e barulhos, imaginei-me naqueles vestidos que neguei por completo usá-los, a correr descalça, a virar a esquina, e a cair sem modos, num colo, só para ter uma daquelas conversas profundas e de análise, com a pele de encontro à pele, e saber até que ponto, eu estaria ou não, naquele momento idolatrado ao expoente da magia...
Hoje de manhã, na leitura dos blogs religiosa, e com um umbigo que se tornou símbolo a deslizar no meu cérebro, encontro uma descrição mimosa, das minhas próprias intenções, em que aquelas personagens daquele escritor tenebroso, encenaram na perfeição, e a minha imaginação louca, de te encontrar, e logo te perder, de te saber a pulsar dentro de mim, sem saber quando e como, porquê e onde...
Deslizando sobre ideias e realidades magnificas o meu coração agita-se ante as voltas da Vida, as esperas, os silêncios, os instrumentos no seu geral, e desliza, na certeza, de que a loucura se infiltra em 3 tempos, mas se ela fôr feliz, imensa e memorável, e porque não?...
Não é depois de morta que vou ter tempo para ser e viver tudo isto.
Depois de morta quero apenas que fique, os recortes e escritos guardados, daquilo que foi uma Vida bem sentida, bem recebida, completamente entregue.
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