domingo, 3 de abril de 2011

Da minha Vassoura tenebrosa...


Saem os movimentos necessários para deixar toda a casa em ordem...


É de facto muito metro quadrado, muita ombreira de porta ( que descobri ser muito util para apoiar os cabos das esfregonas), muito Pronto, óleo de cedro e detergentes afins, para que tudo ganhe ar de concerto e de bem receber as minhas LEOAS que já chegam amanhã.


A casa está quieta assim como o meu coração, e a única coisa que se agita são as preocupações habituais de uma Mãe, Mulher, a Solo face a todas as dificuldades que se fazem sentir, ou que os outros se encarregam de promover.

Mas em ultima instância, foge-me o pensamento para cenários dantescos, onde as Pessoas nem sabem o que vão comer amanhã, e onde uma mão cheia de arroz satisfaz a ideia de banquete para 3/5 pessoas.


Confesso que naturalmente nós Mulheres fomos ensinadas a ser frágeis e apenas a pensar em algumas coisas, a ficar com a tarefa ardua de parir e "aguentar" e para o resto cá estavam os machos, mais ou menos fieis para cumprir a sua parte...

Nunca percebi estas histórias das "partes" porque o simples facto de ter tido pais que assumiram papeis contrários, boicotou todo o racicionio básico que eu poderia ter das coisas.


Eu aprendi que como Mulher, sou feita para tudo e a tudo me posso propôr desde que saiba levar as demandas a cabo, mas mesmo não sabendo, tal qual recruta cai á lama mil vezes antes de se saber equilibrar, eu caio sobre os meus dilemas, convicções, sonhos e até contradicções.


O meu coração adormecido, agradece as férias, de ter estar constantemente alerta.

Tomou-lhe o lugar o racicinio, sobre como estar consciente das coisas, de uma forma que ao manifestar-se fria, também se manifesta mais segura.

Mais desconfiada até comigo mesma a rotina da casa embala-me para o desfecho de mais um dia, em que uns estão a menos...outros a mais...e outros tantos por descobrir o seu papel derradeiro.


O sol bate na roupa pronta a secar e eu bato novas ideias, contra a parede dos meus desejos, e finco pé na Vida mais tranquila, sem tantos sobressaltos onde apenas consigo ver as minhas filhas, eu e alguns bons amigos, mas já sem grandes idealismos.


Eu sou o Dragão das coisas impossiveis, dos amores absurdos, das entregas incondicionais, mas confesso que patear outros caminhos e olhar para as coisas de outra forma...é uma nova navegação para a minha Vassoura frágil, mas não encolhida...

Quanto mais sofro, me fico, só ou angustiada, seguem-se estados de purificação e estupida consciência, de que só tenho o que procuro, e o que não procuro, está cá por alguma razão...


Seja! Que a minha alma jamais descanse de se encontrar em cada pedaço de Vida, e os meus sentidos estejam despertos para o que é de facto uma história e tanto...a minha!!


Remoenda na ideia de começar a escrever coisas que dêem a ideia de um livro, satisfaço-me muito feliz, nesta "catarse" e sei-me de luxo em pensamentos, e de luxo em concretizações de liberdade.

Porque sou livro, e o fontanário de ideias, não é de El Rei, é agora meu, meu por direito, por consciência.

E fui eu que o pari!...

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