quarta-feira, 16 de março de 2011

Dentro de Ti Mãe...


Eu já andava às voltas com sonhos turvos...
Dentro de Ti nas Horas de espera eu já imaginava as alianças concretas e as horas de felicidade genuínas que provêm do amor e da imensa ânsia.
Dentro de Ti, primeiro banho, adiava os banhos, longos, perdidos, raspando as tristezas com a esponja e caindo, gelada, num choro que é abandono e logo depois é Guerra.
Dentro de Ti, eu não estava Morta, e agora sinto a morrer qualquer parte de mim, que é divina que é admirada, que é única.
Dentro de Ti, eu fiquei longe das brumas e dos trovões das idades, e tinha o teu perfume como recta, como segmento, e as tuas palavras de embalo, de espera, de sonho, faziam tudo perfeito, tudo sujeito de começar e ser maravilhoso, todos os dias, pela Vida fora...
Eu cheguei de entre a Tua dor, e logo me revoltei por trazer parte comigo...e Vi ali, os teus dias, as tuas esperas Vãs, a tua angustia, a Tua Solidão de Menina, que traz o Mundo no Ventre e entregua esse mesmo mundo a discursos longos, incrustados, a desejos voláteis, presos nos fios das intermináveis perguntas, e complicadas ideias.
Tu com a tua espera, e o Meu Pai com seu desespero, fizeram-me Viúva das minhas próprias intenções...
Ensinaram-me um amor e uma paixão que não encontro, e onde me perco cheia,de revoltas, de penas sentidas, de sufocações por nada se materializar e acontecer de facto...
Promessas Dissolvidas...Promessas Feitas mas não cumpridas...sonhos, que o Vento leva pelos anos, ténues, esmagados, amordaçados, em coisas mundanas...
Dentro de Ti Mãe eu só imaginava o contacto com o teu rosto de anjo, expectante e sereno, sobrevivente da Grande saga de me pores cá fora, mas vitoriosa, cheia de doçura para me enroscar...
Essa Boca que beijou as minhas pequenas Mãos, Beija hoje as Mãos das Leoas e sente o que sentiste...amando-as com certezas impossiveis e irremediaveis, querendo a todo o custo, e com muita alegria, repetir os teus gestos, transportar para mais longe todos os teus ensinamentos.
A tua Boca Mãe, uma flor que me nasce no coração ferido e partido, vezes sem conta, como o melhor dos curativos, e que me deixa secar já aliviada, e não mais chorar por hoje.
Não choro porque me ames pouco.
Choro porque preferi o pouco ao muito.
E tu ensinaste-me, que é Tudo ou Nada!

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