sexta-feira, 2 de outubro de 2009

SAUDADES DA MINHA FILOSOFIA

Dragão saudoso!
Dragão indignado e perdido
Mas subitamente achado e colocado num segredo de penumbra e mimo, onde comecei a existir.

Tenho saudades da filosofia que estudei espantada e ávida; a determinada altura deixei de ler, de escrever, de sair, de cantar, de estar simplesmente eu a morder as horas na molenga de só existir.
E agora ao mexer nos meus imensos cadernos, são mesmo muitos, aparecem-me com as forças do Universo e dos sinais, Aristoteles e Cícero, que me recordam de forma meiga para que eu não chore ainda mais, que só se aprende passando por lá, e que este foi um ensinamento que escolhi.

Vamos ver: quando decidi viver na minha Torre de Marfim como um Dragão doce e bem comportado, esqueci-me de negociar:

SEMELHANÇA
PROXIMIDADE
RECOMPENSA MÚTUA
EQUIDADE/JUSTIÇA
CONFIANÇA

A semelhança mascarou-se de algo ou a ausência da mesma.
Passámos a protelar as decisões, porque é sempre cómodo e estável.

Mas isto não é senão: DOMINIO/SUBMISSÃO e nesta aliança houve uma tendência parva e cega para me deixar complementar inteiramente por isso.

Vesti-me de branco, troquei os votos para um dominador preconceituoso que queria um escravo, e eu submissa de convicção assumi que seria um Bom Senhor, um Bom Amo.

Somos pessoas diferentes em aspectos fundamentais: não há semelhança no respeito.
É o mais importante de ressalvar. Porque é isso que em vez de nos atrair apesar dos nossos karmas e escolhas, nos destroi.

Incompatibilidades Básicas não percebidas
Justificações delirantes
Auto engano
Percepção distorcida
Ajustes de parte a parte poucos, ou todos de um lado num curto espaço de tempo

E com todos os planos, e projectos, e dinheiros, e contas e papeis, e Irs e viagens e familias, e espaços, fomo-nos encaixando à força.

E eu não sei ser bengala de ninguém, e não quero bengalas!
Quero viver entregue, genuína, não comprada, não resignada.

Sigo o meu Cavaleiro como um cego, e sim, apesar de toda a minha cegueira, consegue ele guiar-me a todas as verdades, mesmos as mais duras por vezes....

O que um dia foi factor suporte
é hoje factor destruidor
Passou tempo de mais, e não devia ter seguido após a primeira agressão no Natal em que tinha a minha Luz, a Luz de Deus, dentro de mim.O meu primeiro raio de Luz! E aí começou a luz que me ligava á Torre de Marfim a apagar-se em consternação....

Como pode um Homem agredir o seu amor, tendo ela um outra amor bem maior dentro dela?
O que ganha o Homem com esse gesto?

O que nos uniu foi sincero, mas se a Torre se exprime pela força incompreensivel, nasce o rumo inesperado.
E foi a Torre tantas vezes tolerada, perdoada...
Nem Inês de Castro que tinha tanto amor dentro dela, teve a justa clemência....e agora sem nenhum carrasco aparente porque me deixo eu tocar desta forma tão enraivecida.......a troco de quê?

Não sinto vergonha quando penso, porque até existem coisas que devo agradecer, mas terei errado ao escolher o meu par?

Dragão ingénuo, julgas que o Amor é de se confiar excessivamente como se fosse um paliativo para todos os males da nossa Vida?
Que importa então que sejamos tão diferentes, tão opostos, tão em contramão,se temos o Amor do nosso lado?

Algumas diferenças básicas, cruciais, afastam de nós esse Amor que vemos em alegria a aproximar-se.
Nunca pensei de forma racional o quanto poderia ser parecida ou diferente da Torre de Marfim.
E esta foi uma das lições de voô perspicazes que tive com o Cavaleiro.

Neste momento, em tantos outros, de mansinho, com o passar do tempo, depois de fingir e tentar, e voltar, e retomar, e reconsiderar, as diferenças abruptas, ilógicas, atiram-me ao chão duramente, vezes sem conta.

De certeza que nunca vou encontrar o Amor na perfeição idilica mas interessa-me aprender que preciso de mais semelhanças do que disparidades, para entender que esse sim é o meu lugar de conforto.

Apaixonei-me.........
Irremediavelmente, com o meu corpo, com a minha alma, com os meus olhos, com o meu olfacto, e desejei que todo o fogo imenso deste Cavaleiro me levasse como a mais louca das amantes.
Mas antes de desejar ser toda dele, recebi toda a sua amizade, e dei-lhe sem restrições toda a minha também.

Antes de morrer de fogo, de saliva, de tesão, de expectativa ilógica, criei raízes nele, ou ele em mim...

Amo-o, reservando o seu espaço para somente ele mesmo, onde a sua individualidade lhe pertence e lhe fica tão bem, porque esta proximidade que aprendi com ele não implica perda de autonomia.
Não me sinto sufocar
Não me sinto presa
E sei que o seu silêncio medroso, confuso, racional, muitas vezes dita, quando todo o meu afecto o começa a incomodar.

Da amizade ao amor, a proximidade é bem administrada, fomentando a intimidade possivel e as afinidades, que são mais que muitas...

Tenho o coração cheio de Dor, pelo epitáfio á minha Torre, mas tão mais cheio de prazer pela alegria de existir e de ter vivido intensamente, todos os minutos de luz possiveis com o CAVALEIRO.
Todos os desafios, todas as batalhas, todos os dias, todos os segundos...

Percebi apesar da minha aprendizagem que o Amor é a alegria.
E que apesar de saber que tudo passa por bom e mau, o que importa é contabilizar as acções e perceber se de facto elas nos deixam um saldo positivo na conta da alma.

Preciso do abraço dele
Preciso do seu piropo
Das suas caricias, profundas, quentes e inesperadas
De uma Lua de Mel para existirmos dentro um do outro, uma e outra vez, até ficar cheia de negras de felicidade por todo o corpo...

Não me sinto culpada, mas sei que estou atada a uma Torre com uma fitinha de cetim pirosa, porque achei que sim, que valia a pena, apesar do prejuizo...chamam-lhe aprende-se a viver, o amor constroi-se, a Vida é assim e depois há os filhos.....

Seria justo se cada um de Nós ( e falo em todas as personagens presentes neste blog) tivesse o proporcional impalpável de todo o investimento feito na relação.
E não é isso que se passa!...

E eu achei digno oferecer muito mais do que alguma vez tive...mas não há igualdade, já nasceu sem ela, e fica assim mesmo...

Magoa-me perdoar todas as vezes que perdoei
Magoa-me o desdém da pessoa que amo, mesmo que não se chame desdém

Mas importante é de referir que a minha dignidade está afectada!
E com isso tudo se quebra, tudo se destroi.
Quero viver contente!
Não ansiosa e deprimida!

Aristóteles disse:

" Os verdadeiros amigos, não cometem injustiças, uns para com os outros"
Complicado é manter-se uma amizade sem credibilidade, confiança! Imprescindivel.
Pois esta está directamente ligada á percepção do que é VERDADE, a autenticidade da pessoa que amamos.

O que não perdoamos a um amigo, vamos perdoar ao nosso "amor"?


Sinto cansaço, mas ainda voô uma vez mais no céu, só para te dizer CAVALEIRO:

-O AMOR É UM RISCO QUE SE TORNA NECESSÁRIO VIVER.
E quero-o, junto com a lealdade própria de não sermos perfeitos, vivê-lo contigo, VAMOS?

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