domingo, 3 de abril de 2011

Procurou-a...


Numa noite que não se adivinhava...


Mas ela olhou-o todo um tempo, de música, de percursão e desejou perceber tudo o que estava para além daquele som imenso, daqueles movimentos de mãos inebriantes, fortes, explosivos...


Ela olhou para os dedos finos e cheios de dom, mais tarde macios e com tacto intutivo, ela olhou-o no seu todo e desejou que toda aquela dança de procura, timida, nervosa, inebriante fosse finalmente dela, dentro dela, fosse parte, fosse constatar, fosse, apenas fosse,...


Ela desejou uma e outra vez, cruzar os olhos e trocar com ele a ideia de que verdadeiramente tinha essa importância...ela olhou-o com admiração, tranquila por fazer parte, e depois ir-se embora.


Os sinais deixo-os em tudo, nestes dias, nestas horas, nas procuras e nos encontros, até no silêncio...

Ela deixou pequenas pedrinhas brilhantes e femininas que ele seguiu curioso, que ele também olhou e desejou segurar, uma por uma, as ideias, de quem vive fora de nós...


Ele procurou-a e conquistou-a.

Ela confrontou-se com a realidade adiada e entregou-se.

Os movimentos, naturais, seguidos, repetidos, desejosos, mostraram, o quanto se pode conhecer uma pessoa no carinho, na leveza do toque, sem sabermos assim tanto acerca dela.


Ele beijou-a, deixou-se beijar, ele esperou o disparo dos beijos das linguas, ele esperou o momento de ser dele o cabelo emaranhado nos dedos, e uma cintura que se procura, com presença máscula, imperiosa do sentido da posse.

Ela adorou a liderança, o enlace, mas o respeito por poder escolher, por escolher estar ali, crente que a procura, eram mensagens sagradas e não desesperos carnais.

Deixou-se tocar, e sentiu-se timida por tanta sensação de procura, mas levou-o...


Levou-o pela mão, para dentro de si, levou-o para um cheiro, um toque, uma pele, uma suavidade quente como um templo e desejou-o ali...protegido, amparado, imensamente amado, desejado e admirado, nessa noite em que as coordenadas e os caminhos finalmente os encurralaram um no outro.


E num morno de nostalgia inesperado, ela deixou de se sentir tonta, por ser feliz com um beijo roubado.

Um beijo roubado, levaram corpos a quererem-se e a tocarem-se na íntegra.

E o gesto de ambos, a coragem de ambos, a deliciosa viagem de ambos um no outro, adormeceu com um outro beijo escondido e roubado debaixo de um casaco...sem saber ao certo...por quanto tempo se foi embora...

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