sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Explicação do Transcendente

Não sei como nem quando...
Sei que assim que te abraço mergulho até ao mais fundo de ti, e tudo me move numa paixão dominadora em que o objectivo é exaltar todos os teus sentidos e deixar-te louco, possante, rendido ao instante da partilha desta fome...

E eu procuro-te e tu recebes-me e eu abro todas as minhas delícias secretas para ti, e misturamo-nos como duas tintas imensas de cor e pigmento em relevo e usamos as mãos, a boca, todo o corpo para executar mais uma tela.
Os momentos passam á minha frente e como fotografias, de um amor desinteressado e que se entrega...

É a isto que chamas de fácil?

Talvez...porque o AMOR na vida real e humana tem duas pernas para andar.
E a doçura e a delicadeza têm de ser funcionais, recíprocas.
Parece que decidi dar-te tudo sem esperar nada em troca, e sinto uma urgência profunda em pôr-te e fazer-te todo o Bem.

Soprando o teu ego, marginalizando o meu.

O que dirá o tempo?
Uma coisa assim que não se explica, sobreviverá á passagem do tempo?

Tenho de encontrar respostas, para que os sentimentos se reforcem, para que os silêncios e os segredos não sejam em vão, e para que a determinada altura este jogo, este fogo sem rédeas não me consuma em mágoa.

Simone Weil dizia: "ONDE EXISTE NECESSIDADE, EXISTE OBRIGAÇÃO"

E este meu amor é uma das grandes obras inconscientes do meu altruísmo.
Este meu desejo em forma de molhado, espera-te em benevolência pura, de quem não daria a Vida por ti, mas transportaria dentro de si, com todo o orgulho uma parte de ti, despojando-me de todas as histórias da minha Vida, que podiam ou deveriam impedir-te de seres quem és para mim.

Mas eu quero acreditar que no meu abraço, no teu abraço, o amor dá-se, mas também se acolhe.

" Serás amado no dia em que possas mostrar a tua debilidade sem que outro a use para afirmar a sua força"

Eu sou o nirvana do dar sem medir e tu o estandarte do realismo que sempre me adverte de que somos imperfeitos. Todos Nós.

Bebo em tragos sequeosos a doçura do "quanto te baste" porque a tua inconstância é mais pacifica e tolerável do que todas as maldades injustificadas verbais, fisicas, a que me expus.
E em todas elas nem uma única defesa própria.

Sabes?

O Transcendente disto é que renuncio ao poder de conhecer toda a tua Vida, de controlar todos os teus passos, de controlar os teus gestos, ou antecipar todos os desejos que sentes e que não passam por mim.
E a tendência em que te quero, é como quase, quando pegamos num bébé pela primeira vez e percebemos que a maior qualidade de amá-lo é fazê-lo com todas as forças sabendo de antemão que será sempre um ser independente e exclusivo de nós.
Querer ser dono de alguém é prepotência, é debilidade na sua própria confiança.

"RESPEITAR-TE É SABER LER TODAS OS TEUS "NÃOS", AS TUAS INSEGURANÇAS, RECONHECÊ-LAS DE MANEIRA HORIZONTAL E NÃO VERTICAL, TORNÁ-LAS MINHAS SEM ME CONTAGIAREM.

É SER EXACTO E CUIDADOSO NAS MINHAS APROXIMAÇÕES PARA NÃO TE ESMAGAR COM O MEU EGO NEM MAGOAR-TE COM A MINHA INDIFERENÇA.
AMAR-TE É ABRANDAR O CORAÇÃO"

Qual a reciprocidade do que nos transcende?
É a aventura?
A adrenalina?
O Segredo?
A imensa tesão?
O contínuo desejo?

Existe medo? Existe dúvida?
Existe supremacia de factos? Ou achamos que por haver cumplicidade deve logo haver ominipotência no que se quer?

Agora? Já? Então quando?

Penso agora que as minhas perguntas tiveram um efeito sobre o meu Homem amado e por momentos morreu toda a euforia do erotismo desenfreado.

Acho perjurativo chamar-lhe sexo.

Mas se fôr esse o nome, é carinhoso, ameno, dócil, louco de entrega, sem disputas, emaranhados, envolvidos, de corações expostos.

No Transcendente...

Quero beijar a tua boca, devagarinho, e com toda a força, quero abraçar o teu abraço, ajoelhar-me e abraçar as tuas pernas, tocar-te por todo o lado, morder todos os teus bocadinhos, alimentar a minha boca na tua seiva, sussurrar-te todas as volúpias, embalar-te no meu sorriso e olhar-te, olhar-te endiabrada, apaixonada...

Quero tão somente cuidar-te, dormir contigo, no teu sossego, sem obsessão, sem prisões.

Não há exigências
Mas há responsabilidades

Tens consciência?

Lição de Vôo terminada.

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