terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Doce Camisola

Quero-te!

Corajosa a minha alma, que te quer, nestes momentos de azáfama em que nos misturamos de tal forma, que mesmo depois, momentos mais tarde continuo a sentir-te, movendo-te lento e rápido, dócil, sequeoso, saudoso, desenfreado, dentro de mim, como um sonho imenso que palpita. E sobra-me depois como um tesouro, como um mimo de estimação e prenda, esta camisola quebrada por nós, onde guardo todos os minutos, todas as palavras.

Guardo-te em mim, no meu colo, com uma perda de noção de tempo invulgar, onde só ouço o meu e o teu coração, e nada disto me parece chão ou escuro, mas sim uma cama fofa feita de vontades e afectos, de surpresa e descoberta, de mimo e muita, muita excitação...!

Guardo a tua camisola, e retenho-a em estilo de pirata, para te cheirar vezes sem conta e para me sonhar vaidosa adormecendo ao teu lado...para me descobrir perfeita ao acordar junto a ti, ao saber do incerto que não tenho medo, medo algum , senão o medo da ausência, deste imenso conforto.

Chamar-lhe-iam pequeno ou ilusório se soubessem, mas sabem lá as Pessoas o poder da camisola e a joia que é senti-la, enroscar-me nela, perder os receios e perceber que pertenço ali, neste cheiro e calor, sem precisar de promessas de que amanhã assim será também.
Eu espero...assim como suspiro...assim como aguardo...mas se tu me falas em TUDO, quero pois perceber o teu TUDO um dia de cada vez...

Permito-me a manter esta lembrança para me recordar que me aventuro no tempo e no espaço para conhecer o que em ti possa haver de mais divino, mas também de mais humano.

Para entender o que nunca perderás, e que julgas que perdes...
Para entender o que pensas fazer mesmo que o não faças...
Para compartilhar das tuas alegrias imensas em que explodirás de contentamento,e para te acompanhar nas tuas perdas que sei que serão intoleráveis!

Pretendo estar aqui agarrada à tua camisola que me mostra sem decepção que também poderás falhar...mesmo que não aconteça...
Para dobrá-la e vesti-la vezes sem conta, para me admirar curiosa frente ao espelho somente de camisola e imensamente bem posta.

Guardo esta camisola para reunir o bocadinho que acho que perdi sem jeito, algo tonta...para sonhá-lo outra vez, um dia, quem sabe, desta vez com propósito e imensa espera.

Ao dormir neste monte de linhas bem orquestradas e quentes sinto-me poderosa, eterna e amada...e sinto-me guardada, devida e realmente guardada de toda a Guerra, e em mim nasce já reforçada, aquela esperança romântica e só minha que às vezes julgo tão perdida!

E ter de devolver-te a camisola é um especie de prova...teste...
Um teste de pensamentos e dúvidas, de percepções sem exigir certezas.

E sabes porquê? Porque apesar das estatisticas do Mundo, foco-me no que devo acreditar, vivo o que acredito, perdidamente, de forma devota, unidireccional, apesar das aparências!...

Coragem para te devolver esta camisola...que és tu, em forma de pano manchado, desse amor que me reservas em horas incertas mas genuínas, onde te despreendes e dás forma ao sonho...

Pois, muito bem, devolvo a camisola..
Farei poucas perguntas e contentar-me-ei com algumas respostas

Mas jamais irei comprometer este sonho...

E com camisola ou sem, irei fazer o que tantas vezes te digo.

Quero lá saber dos silêncios que me parecem monstros, das montanhas de espera de ti no tempo para mim, dos planos, e se queres fazer parte deles, até que ponto ganhas forma neles...

Todos os dias, os nossos dias, a nossa proximidade, mas também esta distância imensa da noite, das horas que não te tenho e gostaria de ter, são as "pedras no caminho" para essa semente prometida que te reservo, sem cobranças, sem barreiras...

Ao dormir nesta camisola, pesam-me os olhos sobre o tempo e o espaço que é relativo e quando finalmente adormeço, vejo-te, tenho-te, muito mais perto...mais regular e prometido, destinado..nada de errado ou de suspeito!

E prefiro estar cega por momentos...para que os meus olhos não me atordoem o espirito de desconfianças e erros, porque no exacto momento em que te escrevo o quanto me agarro a esta camisola, sinto-te aproximar de mansinho, nesse abraço e boca cheia de cuidados, que me tomam tão suaves e delicadas, como se eu fosse de loiça...

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